domingo, 28 de fevereiro de 2010

Post da tanga

Aproveitando os 10 últimos minutos da minha capacidade de verbalização (enquanto não mando pro bucho qualquer coisa que me faça dormir, que o meu João Pestana deve andar emigrado) lembrei-me de um tema_estúpido_ que era capaz de dar um post engraçado. Tangas! Isto veio em conversa num jantar, a que propósito não me lembro, e a conclusão a que chegámos foi: é uma coisa muito bardajona essa de andar com os fios à mostra, quase que pendurados nas orelhas.

Eu pessoalmente, que me encolho cada vez que deparo com tal cenário, acho francamente mais sexy, se é isso que se pretende, uma blusinha ou outra coisa que acabe em -inha, assim mais pro discretinha.

Acredito que haja aí mais gente com problemas sérios com cadeiras sem costas. Quem me entende são as vítimas de perna grossa e cintura fina que andam sempre com as calças pelos quadris, que alegam não gostar muito de cintos e cujos rabos gostam de andar à vontade!


Perdoai, senhores, qualquer coisinha!


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Imagem para sentir


Olha lá não caias...da sabedoria abaixo.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Como aproveitar meio dia de férias

Graças a Deus o meu meio palmo de testa serve para outras coisas sem ser estudar.

E não posso deixar de reconhecer, e melhor, de deixar a discussão em aberto, que apesar de sempre ter gostado de estudar desde pequena (acho importante reforçar o verbo gostar) os livros não tocam, não cantam, não me contam histórias, não me fazem sorrir, não me relaxam, não me divertem, não me permitem beber imperiais e comer tremoços ao mesmo tempo, roubam-me horas de culto à minha cozinha, não me deixam sequer que os leve para a praia, não gostam quando os partilho com amigos, não querem que me mascare no Carnaval, impedem-me de estar à mesa com a minha família mais que hora e meia, não me deixam dar os beijinhos todos que me apetece dar e mais uma série de coisas que, mais que a Medicina, me mantêm viva.

Mesmo assim, e declarando-me oficialmente mais morta do que viva, orgulho-me do meu palminho de testa, que me dói tanto nestas alturas, só porque sou muito mais um bicho de afectos do que um bicho de estudo.


Obrigado pela atenção. Esfolem-se para aí a comentar.



terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Impotente. Impotente. Impotente.

Passa-se alguma coisa. Tem de se passar.

Ainda ontem falei com uma candidata a fantasma, carequinha da quimioterapia, a depositar esperança redobrada num transplante medular para o qual ainda não há dador, no quarto e último ciclo de quimioterapia que a fez mudar a residência para um hospital com três letras assustadoras, uma sigla que arrepia, um I, um P e um O que impõem respeito. Três filhos pequenos que ainda não se apercebem da situação da mãe e um marido que me tem apoiado muito, mas é assim, só vomitei no início do tratamento, em Setembro, agora quase já nem sinto, dizia ela, agora é só esperar. E uma pessoa, que hesita entre as melhoras e o até amanhã, porque nem uma coisa nem a outra podem ser verdade num futuro próximo, pergunta pelo prognóstico ao curandeiro lá do sítio, que exerce o seu poder de visão do futuro com um berbequim que fura o osso (uma biópsia óssea é capaz de ser mais específica do que uma bola de cristal) e faz magia com esquemas protocolados de quimioterapia_ sem transplante é mau, com transplante é médio mau.

E saí, com o rabinho entre as pernas, a pensar que me apetecia mais estar ali do que fechada em casa a estudar para o exame da semana que vem. Ainda partilho umas opiniões com amigos, que é pesado, que é difícil, que não gostam. Que tenho saudades dos tempos de estudante, que me custa ir para o trabalho à segunda-feira. Pois eu preferia ir hoje mesmo trabalhar, e sei do que falo, não é tolice.

Hoje soltou-se mais um anjo. Sem ciclos de quimio, sem ameaços, fresco que nem uma alface. Chamava-me Catalina. Chateia-me isto do fanico e cair para o lado, principalmente por me sentir tão impotente. Porque me fazem engolir livros e decorar fenótipos das síndromes mais raras, quando não detectei uma das mais fáceis num corpo que conhecia bem. Porque enquanto penso porque é que o miudinho que é meu vizinho lá na aldeia vai fazer uma punção lombar, morre mais um, do nada.

Estou mais imune a más notícias. E estou a ficar azeda, o que me preocupa. Bem sei que não devia perder tempo a azedar-me, mas a sensação é semelhante a ler o último capítulo de um livro e estar-me a marimbar para os que me faltam, sejam muitos ou poucos.

Enfim. Com este "pequeno" conto pelo menos quatro anjos. Dois deles novinhos demais para tal cargo.