quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

"Eu só escrevo quando tenho insónias"

Corrijo: eu tenho insónias porque não escrevo.

(Agradeço a quem me fez chegar a esta bela conclusão.)



Vale a pena pensar nisto.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Sinapse imunológica


Ó minha bela e digna FCML, hoje que és uma alucinação hipnagógica cheia de células em sinapse imunológica, este texto é só para ti.


Eu que te amo desde o mais gingão segurança até à cozinheira mais labrega e matrona, passando pelas queridas da secretaria sempre com sua capacidade comunicacional extra-humana e pelas secretárias dos departamentos que nos recebem com a expressão de "coitadinho", até às senhoras da reprografia que passam de uma mera expressão facial para dizerem mesmo "coitadinho" e às brasucas do bar que nos presenteiam com scones quentes à tarde. Eu que piso cada quadrado preto do teu chão, orgulhosa da praxe com que me acolheste. Esse chão que já recebeu a minha gosma de verme nojento e onde já arrastei algumas partes duarante a semana de recepção aos teus projectos a deuses.

Eu que um dia te mirei do outro lado da estrada e fixei na memória os segundos eternos que me concedeste. As all star novas (que embora esfarrapadas ainda uso, combinando a cor da meia com a da camisola), a mala da marca B que me ofereceram orgulhosos (que todos os dias me acompanha, pois "a próxima pagas tu"), as madeixas da moda e o rabo quatro quilos recém-engordados, depois do gasto de ATP que foi o período prévio a seres considerada meu património. Foste suada, minha pobre e mal agradecida.

Hoje passeio pelos teus salões povoados de gente sábia, normalmente com um ou dois calhamaços debaixo do braço (já faltou menos para ser halterofilista), observando e contemplando ilhas de estudantes agarrados a dossiers que se dispersam pelo mar da tua sabedoria. (Não sei bem como é, mas nas outras acho que jogam às cartas!). E poderia este ser um cenário um tanto ou quanto decrépito, não fosse a aura dourada e o perfume exalado por seres que estacionam seus modestos automóveis à tua porta, e caminham seguros de si em direcção a um qualquer anfiteatro, expondo as matérias divinas para a aprendizagem dessa arte que nos vais desvendando de forma tão forreta, quase que nos arrancando pele e unhas.

Sentar-me-ia sozinha no topo do Sousa Martins, no Campo dos Mártires que ensinas, só para te ver. Tu serena, branca, limpa, imponente, recebendo cada aprendiz dos teus segredos e cada pregador que vocifera as tuas ladainhas. Mas neste momento e dadas as circunstâncias, viraria toda a minha superfície corporal dorsal para ti, minha mestre, e mais me apetece é ver-te por elas_ compridas, estreitas e belas_ as costas.


Picas e móis e fazes almôndegas de mim, mas o meu esparguete é duro de roer!


E se não pagares uma mala B nova, paga ao menos a despesa em base e anti-olheiras.



Aceitam-se sócios para a compra do bar. Eu nasci para ser cozinheira, qual médica qual quê!