sábado, 30 de junho de 2012

Mãe, pai, acabei o curso!

Engraçosa, esta situação. Vou-me esforçar nisto da escrita, que as únicas coisas que tenho lido (e escrito) é texto corrido técnico do mais impessoal e gelado que se possa imaginar. Planeia-se uma grande rentrée na blogosfera para Janeiro. Não percam!

Confesso que este curso mecanizou-me e tirou-me coisas muito giras, como por exemplo ter prazer em escrever (e divergir um bocadinho). Enerva até pensar que não fui forte o suficiente para impedir que isso acontecesse, eu que me recusava a encarnar  estereótipo de estudante de medicina. Achava-os excessivamente passados a ferro, penteados, limpinhos, correctos. Simplesmente não me via nesses propósitos. Até ao dia em que  me começou a incomodar usar calças de ganga no hospital. Depois um ou outro reparo a propósito de unhas coloridas, uma ou outra boca sobre outras coisas que tais (dizia umas asneiras mas não posso!) e foi aí que decidi: "ok, não há mais calções, não há mais chinelos, não há unhas às cores nem calças de ganga. Catarina, deixa de ser teenager e faz-te mulher". Podia ter ficado por aí...mas deixei de pintar. Era comprar tintas e pincéis e telas e pensar no que fazer com elas e levar o cavalete para Lisboa...e não havia pachorra. E ia pintar quando? Nos intervalos do estudo de Anatomia? O quê? Um fémur? Ou ia inspirar-me na paisagem e pintar um pombo? (muita raiva nesta frase, se não me fiz entender bem). Desisti. E deixei de desenhar (nas aulas teóricas...é o melhor momento para desenhar). Na verdade deixei de ir às teóricas_ o meu défice de atenção não me permitia! E perdi todo um ritual de converseta em teóricas que faz bem ao espírito. Grande parte das boas companhias também não ia...e naquelas de presença obrigatória passei a fazer listas de compras (bom também, apesar de tudo!). Deixei de cantar. Pois, para quem não sabe eu tinha uns ataques de canto. Ataques porque era uma vontade aguda, cantava e passava (o que tinha de passar). A voz atrofiou por desuso...e hoje em dia já nem o Fado do Estudante me sai como deve ser. 

Mas o engraçado é que olho à volta e não  sou a única a estar diferente! Houve gadelhas que se cortaram, tererés que deixaram de existir, piercings e brincos que desapareceram, madeixas cor-de-rosa e laranja que não voltaram a ser feitas (cof) e até as loiras e as ruivas artificiais regressaram ao tom natural! As pessoas usam camisa branca, malas de pele, carteiras clássicas. Deixou-se de se beber até cair para o lado, de se sair como se o mundo fosse acabar amanhã. Pensando bem, foi um quarto de vida. Toda a gente muda ao sabor das circunstâncias.

E nestes dias ando particularmente melancólica. Nada de mariquices, que para a frente é que é caminho e o que aí vem tem de ser no mínimo três vezes melhor do que o que passou. Um grande obrigado a quem me acompanhou nesta Odisseia. E para aqueles com quem partilhei estes caminhos, um grupo altamente seleccionado ao longo de 6 anos: Este blog é pequeno demais para nós...e não me vou alongar com aquelas lamechices de fim de curso! Resumindo: isto não acaba aqui. Agora é que vai começar o rock'n'roll!