quinta-feira, 19 de março de 2009

Confissões de uma short sleeper


Dizia um amigo que não faria sentido viver sem uma necessária pausa a cada 24 horas, mesmo que fossemos as máquinas mais implacáveis e trabalhantes do Universo. Respondi-lhe que queria espremer o sumo da fruta fresca que me é tão legítima e que herdei por milagre de crossing over, X para cada lado nas santas-madres-gónadas apaixonadas, e que se isso implica mais ruga ou menos ruga, com essas posso eu bem.



Tenho dito que é na crista da onda que se conhece melhor a gravidade. Entendemos-lhe as manhas, contornamo-la com perícia. As nossas contas já não falham e se falharem, a prancha que se aguente, que com ondas podemos nós bem. E assim são anos sucessivos de tributo à energia, guardando-a debaixo de cada unha, nos olhos e na boca, exuberando-a para o mundo, utilizando-a bem.



Os raios de sol colam-se-nos no rosto, o sal reflecte luz na nossa pele. Mas há todo um cansaço e entendimento no nosso marear. Uma profunda lucidez que não é lamuria nem queixinha, é um peso-não-fardo, uma sentença de carregar as causas e os propósitos, as coisas verdadeiras, o conhecimento do limite, a desmotivação por existir, de facto, um limite. Modelos de baixa energia morrem tarde e virgens, o que também não deve ser mau. Só não me enche o metro e oitenta.





Parabéns, Filipa, pelos teus 21 (cinquenta) anos. Havemos de festejar o nosso primeiro pé-de-galinha!