terça-feira, 2 de novembro de 2010

Das drogas (extraterrestremente falando)


Extraterrestremente falando, estas coisas não me indignam_ paralisam-me. E estou bem consciente que estás a ler-me_ tu com quem partilho meia dúzia de copos alegres, tu com quem partilho intervalos de estudo "a fumar" e tu que um dia até me deste um workshop de ganza. Escolhas são escolhas e sempre recebeste bem as minhas, tão diferentes das tuas. Mais estranho que isto é impossível_ desde miúda. Nunca fui de muitas gomas na lojinha dos doces nem de cartas Majic e sempre tive um certo fascínio por gostos extra-terrestres ou pelo menos gostos-extra-o-nosso-grupo. Sempre gostaste de mim a engarfar saladas quando toda a gente abocanha hambúrgueres, a bebericar chá quando toda a gente emborca imperiais e a mascar pastilhas elásticas quando toda a gente fuma. Tu investes no tabaco e eu invisto nas sojas e nos tofus! Gosto mais de ti assim do que de quem tem os mesmos hábitos que eu, bem o sabes. Sabes a minha opinião acerca dessas coisas todas e, com o devido respeito ao teu pulmão, acho esta lei do tabaco a melhor coisa do mundo a seguir ao micro-ondas!

Paraliso a pensar quem de nós é mais anormal. Não é que isto tenha alguma importância mas qualquer comportamento (aparentemente) patológico que se repita mais vezes do que o normal para uma ocasião esporádica é, para nós teus amigos, um vício. Concebo para os meus botões como uma dependência. E uma dependência é sempre patológica. Ora se tu tens algum tipo/grau de dependência, contigo está para aí 80% da população da nossa idade. Uma anormalidade, percebes? Dos restantes 20%, só uma ou duas é do nosso grupo de amigos, o que me torna uma grande anormal, estatisticamente falando. E aqui está a explicação para a minha dúvida existencial.


Dentro da minha anormalidade exuberante e pavoneante de investir a mesada no Celeiro e no Pingo Doce e bambolear a rabiola no Holmes Place, sei tão bem como tu (ou sei um pouco mais apenas) que essas cenas não te fazem nada bem! Não te posso apratalhar de alface nem regar com chá verde e tenho inclusive alguma dificuldade em, falando a nossa língua, explicar-te como me preocupo contigo. Talvez o que nos distinga, além da minha teimosia natural de ser x quando todos são y, é que eu já vi gente a morrer e mães a chorar e famílias destroçadas. Talvez tenha sido isso a amadurecer as minhas escolhas e a tornar-me uma extra-terrestre mais consciente. E, ouve-me agora, não quero isso para ti e não acho que devas fazer isso a quem gosta de ti, ponto.


Sou apologista de que mais do que pessoas individuais, somos peças de puzzles. Se não o fazes pela tua saúde, pensa nas peças que tens à tua volta e pensa na falta que lhes fazes.

"_ Ah, mas é só para relaxar".
_ És muito relaxado, tu.
"_Tu é que és muito contraída!"
_ Tudo bem. Mas quando quero descontrair vou correr!



E tu? Para que lado é que descontrais?

5 comentários:

MaB disse...

very nice*

silvia rosa disse...

eu para o lado do cha, sem duvida.

Catarina Nogueira disse...

Como sempre adoro os teus textos - muita gente os devia ler, e enviar a amigos. Podem despoletar um certo murro no estômago que às vezes faz falta.

Carô disse...

Catareca, que saudades!!!!!!

como vais chérie? o 5 ano, a vida na sua generalidade?
ja experimentei a receita das tuas papas, sao uma delicia!
quando me vens visitar?

vejo que o dom da escrita e da comunicaçao vulgo te continua a fazer companhia! mais um texto magnifico-tocante-gritante!

vou a Lisboa dia 20 de Dezembro; gostava de te ver!

nos por ca todos vivos!

um beijo do coracao

Carô disse...

* vulgo 'capacidade de transmitir mensagens metamorfoseadas'