quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Íssimo, íssimo cansaço


Fluem vidas ao sol. Evapora esperança, goteja coragem, poro a poro, arrefecendo humores numa película fria. Cenário ridículo, férias. Corpos mais vestidos do que nunca_ mais dissimulados, fantoches de um projecto de vida_ em tanga e cortininha, bamboleando a rabiola, exibindo peitorais besuntados com cremes pestilentos, massas animadas derretendo ao sol, qual bolo de pastelaria envolto de glacé.


"'Tou de férias, quero lá saber!", como se este "deixar de querer saber" fosse requisito número um para umas férias revitalizantes e bem merecidas. E descuram de tudo durante vinte e cinco dias úteis a que têm direito durante o ano. Como se tivessem de querer saber demais durante os restantes trezentos e quarenta dias. Como se lhes pesasse a responsabilidade.


Cresce em mim um infindável cansaço. Supremíssimo, íssimo, íssimo. De

querer
querer
furar
amolecer
picar
romper
limar.

E esta construção arrefece com o tempo, tornando-se cada vez menos moldável.


Pedra a picar pedra. Quem quebrará primeiro?


3 comentários:

Anónimo disse...

É um prazer ler os teus post´s, gosto muito do que escreves e como escreves...Parabéns

QT disse...

É um prazer ler os teus post´s, gosto muito do que escreves e como escreves...Parabéns

manuhell disse...

cansaço de não fazer nada, de ver as horas passar? detesto esse.