quarta-feira, 8 de julho de 2009

Freitas Gazul

Dói-me as horas

Caras e escassas

As horas

nas voltas de 360 graus do velho compasso

Qual metrónomo ou pé de professor de formação musical

Irrompendo de rompante "Falta-te a semíninima".

Para mim um tempo quase nada parecia

mas_ ai!_ se os pudesse ter amealhado,

aos tempos,

Colcheia a colcheia,

e metido dentro da pasta das partituras,

E os tivesse estendido, lado a lado,

a meio do estudo do Freitas Gazul,

Tê-los-ia apanhado como às malhas de um cachecol

Que eu tenho jeito para bordados e coisas de senhora

Cosia-as com linha fina e remataria com um ponto discreto

mas concreto. E bem localizado.

E estaria hoje mesmo a descosê-lo, a soltar uma malha

e a usar aquele tempo perdido num Sábado de manhã

Numa tal aula de formação musical.



Falha-me muito os pés, já...e falha-me o compasso.

O que seria 2 ou 3 por 4 é cada vez mais reduzido a um,

e culpa disso têm estes tempos que se me escapam ao ritmo;

mania de infância que não soube corrigir e que se agrava.

É que na música a gente erra, estuda, recomeça e corrige,

mas a vida (por mais que estudes) só deixa errar uma vez.



Apesar da dor de horas

e do compasso desritmado

Vivo em clave de Sol

e amo todas as bolinhas que se me penduram nas cinco linhas,

tentando não perder sequer uma colcheia.

1 comentário:

MaB disse...

Tempos houve em que as horas se prolongavam sempre, excepto nos dias de aniversários ou outras festas, em que o tempo passava a correr.
Raros são agora os dias em que sobre tempo para sequer pensarmos nesses anos.
Passa a correr, o tempo, C.. É de aproveitar sabermos já disso.:)
beijinho