Fútil é um adjetivo muito feio. É daquelas palavras que por
poder significar tanta coisa acaba por não significar coisa nenhuma. Vai tendo
significados diferentes dependendo da pessoa e da cultura em questão. A Paris
Hilton (está na hora de encher o blog de grandes celebridades) deve dormir de
cueca Chanel e ainda dar um sopapo num gato (como quem diz que come Rice
Crispies ao pequeno-almoço debaixo de um lustre de cristais), enquanto do outro
lado do mundo se briga por um par de havaianas. E assim chamar fútil a alguém é
de quem se acha de uma modéstia exemplar. Já tinha muito inconscientemente
chegado a esta conclusão, e além de não querer dar um ar de falsa modéstia, foi
este o motivo pelo qual ostracizei esta palavra.
_”Mas o que é para ti ser fútil?”.
Entre um gole e um amendoim: é ser superficial. Estar com pessoas por interesse, dar-se com toda a
gente e não gostar verdadeiramente de ninguém, relações levianas e físicas e
coisas-por-aí-percebes?
_”Ah precisava tanto de ouvir isso!”.
Ora essa. E nesse
momento parece que tivemos uma (das já habituais) co-sinapses, ou não
estivéssemos nós no topo do hotel mais cagão das redondezas, com uma vista
sublime sobre Lisboa e dois copos de vinho à frente. Até me deste boleia, eu
até usei o iCoisas para procurar a morada do bar (que não encontrámos), e
transitámos no teu confortável coche da zona mais queque de Lisboa para a
terceira ou quarta com mais tias por metro quadrado e…epá se calhar somos fúteis. Que diriam os etíopes de nós? Também é
verdade que este deve ter sido o nosso encontro mais fútil de todos. Mas quem é
que não gosta de ser fútil de quando em quando, dentro das possibilidades e, já
agora, com boa companhia?
É um facto que a futilidade a que nos permitimos é bem
merecida. A desgraça é tal que quando analisei a vista da cidade tive o impulso
de sublinhar as casas com o marcador cor-de-rosa, o dos títulos. O interesse
disto é que também fazemos boa parelha a comer frango assado com as mãos
(fazemos?!)…e saímos daqui com mais vontade de sublinhar coisas
desenfreadamente por mais duas semanas. Não estou contigo por mais interesse nenhum
a não ser na tua pessoa (mas gostei da boleia vá, mesmo tendo quase-batido duas
ou três vezes!).
E é isso: não te acho
fútil. Da mesma forma que não temo se me julgarem como tal. E com toda a (f)utilidade,
aguardo o próximo Quinta de la Rosa com
vista sobre Lisboa, à boa maneira cagona de quem não saía de casa há mês e
meio.
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