Aproveitando os 10 últimos minutos da minha capacidade de verbalização (enquanto não mando pro bucho qualquer coisa que me faça dormir, que o meu João Pestana deve andar emigrado) lembrei-me de um tema_estúpido_ que era capaz de dar um post engraçado. Tangas! Isto veio em conversa num jantar, a que propósito não me lembro, e a conclusão a que chegámos foi: é uma coisa muito bardajona essa de andar com os fios à mostra, quase que pendurados nas orelhas.
Eu pessoalmente, que me encolho cada vez que deparo com tal cenário, acho francamente mais sexy, se é isso que se pretende, uma blusinha ou outra coisa que acabe em -inha, assim mais pro discretinha.
Acredito que haja aí mais gente com problemas sérios com cadeiras sem costas. Quem me entende são as vítimas de perna grossa e cintura fina que andam sempre com as calças pelos quadris, que alegam não gostar muito de cintos e cujos rabos gostam de andar à vontade!
Perdoai, senhores, qualquer coisinha!
domingo, 28 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Como aproveitar meio dia de férias
Graças a Deus o meu meio palmo de testa serve para outras coisas sem ser estudar.
E não posso deixar de reconhecer, e melhor, de deixar a discussão em aberto, que apesar de sempre ter gostado de estudar desde pequena (acho importante reforçar o verbo gostar) os livros não tocam, não cantam, não me contam histórias, não me fazem sorrir, não me relaxam, não me divertem, não me permitem beber imperiais e comer tremoços ao mesmo tempo, roubam-me horas de culto à minha cozinha, não me deixam sequer que os leve para a praia, não gostam quando os partilho com amigos, não querem que me mascare no Carnaval, impedem-me de estar à mesa com a minha família mais que hora e meia, não me deixam dar os beijinhos todos que me apetece dar e mais uma série de coisas que, mais que a Medicina, me mantêm viva.
Mesmo assim, e declarando-me oficialmente mais morta do que viva, orgulho-me do meu palminho de testa, que me dói tanto nestas alturas, só porque sou muito mais um bicho de afectos do que um bicho de estudo.
Obrigado pela atenção. Esfolem-se para aí a comentar.
E não posso deixar de reconhecer, e melhor, de deixar a discussão em aberto, que apesar de sempre ter gostado de estudar desde pequena (acho importante reforçar o verbo gostar) os livros não tocam, não cantam, não me contam histórias, não me fazem sorrir, não me relaxam, não me divertem, não me permitem beber imperiais e comer tremoços ao mesmo tempo, roubam-me horas de culto à minha cozinha, não me deixam sequer que os leve para a praia, não gostam quando os partilho com amigos, não querem que me mascare no Carnaval, impedem-me de estar à mesa com a minha família mais que hora e meia, não me deixam dar os beijinhos todos que me apetece dar e mais uma série de coisas que, mais que a Medicina, me mantêm viva.
Mesmo assim, e declarando-me oficialmente mais morta do que viva, orgulho-me do meu palminho de testa, que me dói tanto nestas alturas, só porque sou muito mais um bicho de afectos do que um bicho de estudo.
Obrigado pela atenção. Esfolem-se para aí a comentar.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Impotente. Impotente. Impotente.
Passa-se alguma coisa. Tem de se passar.
Ainda ontem falei com uma candidata a fantasma, carequinha da quimioterapia, a depositar esperança redobrada num transplante medular para o qual ainda não há dador, no quarto e último ciclo de quimioterapia que a fez mudar a residência para um hospital com três letras assustadoras, uma sigla que arrepia, um I, um P e um O que impõem respeito. Três filhos pequenos que ainda não se apercebem da situação da mãe e um marido que me tem apoiado muito, mas é assim, só vomitei no início do tratamento, em Setembro, agora quase já nem sinto, dizia ela, agora é só esperar. E uma pessoa, que hesita entre as melhoras e o até amanhã, porque nem uma coisa nem a outra podem ser verdade num futuro próximo, pergunta pelo prognóstico ao curandeiro lá do sítio, que exerce o seu poder de visão do futuro com um berbequim que fura o osso (uma biópsia óssea é capaz de ser mais específica do que uma bola de cristal) e faz magia com esquemas protocolados de quimioterapia_ sem transplante é mau, com transplante é médio mau.
E saí, com o rabinho entre as pernas, a pensar que me apetecia mais estar ali do que fechada em casa a estudar para o exame da semana que vem. Ainda partilho umas opiniões com amigos, que é pesado, que é difícil, que não gostam. Que tenho saudades dos tempos de estudante, que me custa ir para o trabalho à segunda-feira. Pois eu preferia ir hoje mesmo trabalhar, e sei do que falo, não é tolice.
Hoje soltou-se mais um anjo. Sem ciclos de quimio, sem ameaços, fresco que nem uma alface. Chamava-me Catalina. Chateia-me isto do fanico e cair para o lado, principalmente por me sentir tão impotente. Porque me fazem engolir livros e decorar fenótipos das síndromes mais raras, quando não detectei uma das mais fáceis num corpo que conhecia bem. Porque enquanto penso porque é que o miudinho que é meu vizinho lá na aldeia vai fazer uma punção lombar, morre mais um, do nada.
Estou mais imune a más notícias. E estou a ficar azeda, o que me preocupa. Bem sei que não devia perder tempo a azedar-me, mas a sensação é semelhante a ler o último capítulo de um livro e estar-me a marimbar para os que me faltam, sejam muitos ou poucos.
Enfim. Com este "pequeno" conto pelo menos quatro anjos. Dois deles novinhos demais para tal cargo.
Ainda ontem falei com uma candidata a fantasma, carequinha da quimioterapia, a depositar esperança redobrada num transplante medular para o qual ainda não há dador, no quarto e último ciclo de quimioterapia que a fez mudar a residência para um hospital com três letras assustadoras, uma sigla que arrepia, um I, um P e um O que impõem respeito. Três filhos pequenos que ainda não se apercebem da situação da mãe e um marido que me tem apoiado muito, mas é assim, só vomitei no início do tratamento, em Setembro, agora quase já nem sinto, dizia ela, agora é só esperar. E uma pessoa, que hesita entre as melhoras e o até amanhã, porque nem uma coisa nem a outra podem ser verdade num futuro próximo, pergunta pelo prognóstico ao curandeiro lá do sítio, que exerce o seu poder de visão do futuro com um berbequim que fura o osso (uma biópsia óssea é capaz de ser mais específica do que uma bola de cristal) e faz magia com esquemas protocolados de quimioterapia_ sem transplante é mau, com transplante é médio mau.
E saí, com o rabinho entre as pernas, a pensar que me apetecia mais estar ali do que fechada em casa a estudar para o exame da semana que vem. Ainda partilho umas opiniões com amigos, que é pesado, que é difícil, que não gostam. Que tenho saudades dos tempos de estudante, que me custa ir para o trabalho à segunda-feira. Pois eu preferia ir hoje mesmo trabalhar, e sei do que falo, não é tolice.
Hoje soltou-se mais um anjo. Sem ciclos de quimio, sem ameaços, fresco que nem uma alface. Chamava-me Catalina. Chateia-me isto do fanico e cair para o lado, principalmente por me sentir tão impotente. Porque me fazem engolir livros e decorar fenótipos das síndromes mais raras, quando não detectei uma das mais fáceis num corpo que conhecia bem. Porque enquanto penso porque é que o miudinho que é meu vizinho lá na aldeia vai fazer uma punção lombar, morre mais um, do nada.
Estou mais imune a más notícias. E estou a ficar azeda, o que me preocupa. Bem sei que não devia perder tempo a azedar-me, mas a sensação é semelhante a ler o último capítulo de um livro e estar-me a marimbar para os que me faltam, sejam muitos ou poucos.
Enfim. Com este "pequeno" conto pelo menos quatro anjos. Dois deles novinhos demais para tal cargo.
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